Imagine a seguinte cena: você de um lado, seu maior sonho do outro e, em meio a vocês, um precipício. Pode parecer assustador, ainda mais para um coração ansioso como o meu, mas tenho entendido (a duras penas) que a graça de tudo está justamente nesse tal precipício que a gente evita pular. Porque alcançar os nossos sonhos pode ser bem incrível, mas tudo o que a vida nos reserva entre onde estamos e onde queremos chegar pode ser ainda mais. Isso porque ela sabe das coisas.
É comum que todo esse percurso nos pareça medonho e que depositemos mais valor na tal da chegada que no caminho que vamos percorrer até lá, mas estamos cansados de ouvir por aí: o destino não é o que mais importa, mas a caminhada que se faz até ele. Pode (e vai!) soar como clichê, eu sei, mas eu sou grata diariamente por cada um deles, e este é apenas mais um dos que eu agarro com todas as forças quando percebo o meu coração agoniado pelo que está por vir. Pelas curvas, desvios e saltos que me serão propostos. Por todos os precipícios que eu terei que pular.
A gente quer sempre ”chegar lá”, mas nos esquecemos que o caminho vai dizer muito mais sobre a nossa vida que o que finalmente acontecerá quando alcançarmos o outro lado. Gosto de chamá-lo carinhosamente de processo, e acredito que o mais importante seja estarmos cada dia mais abertos ao que ele nos preparar. Afinal, a sua vida não é o que o acontece quando você realiza um sonho (embora eles sejam muito importantes e valiosos para a nossa jornada!). Ela é, principalmente, o que você constrói até chegar a eles. Porque ela está o tempo todo acontecendo.
Júlia Groppo